Da Revista Forum, 28 de julho 2025
Por Penelope Nogueira
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Desde os primórdios da humanidade, o ser humano é movido pela curiosidade. Somos exploradores por natureza E, ao longo dos séculos, desenvolvemos ferramentas para entender e registrar o mundo ao nosso redor. Entre essas criações, o mapa se destaca como uma das mais importantes — uma forma de representar o espaço físico e, ao mesmo tempo, de organizar ideias, crenças e o conhecimento de uma época.
Mas afinal, qual é o mapa mais antigo do mundo já encontrado?
A tabuleta de Ga-Sur: o primeiro traço cartográfico
O que é considerado por muitos estudiosos como o mapa mais antigo do mundo foi descoberto no atual território do Iraque, na antiga região da Mesopotâmia, berço de algumas das primeiras civilizações humanas. Trata-se de uma pequena tabuleta de argila, conhecida como Mapa de Ga-Sur, datada de aproximadamente 2.500 a.C.
O artefato foi encontrado nas ruínas da cidade suméria de Nuzi, próxima à moderna cidade de Kirkuk, e está hoje preservado no Museu do Antigo Oriente em Istambul, na Turquia.
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Apesar de sua simplicidade, o mapa mostra propriedades agrícolas, canais de irrigação e terrenos delimitados — evidência de que os sumérios já tinham um senso avançado de organização territorial e de representação do espaço físico.Mapa Babilônico
(foto: wikipédia)
Outro forte candidato ao título de “mapa mais antigo” é a Imago Mundi, uma tabuleta babilônica datada de cerca de 600 a.C., considerada o mapa-múndi mais antigo conhecido. Diferente do mapa sumério, esse representa o mundo inteiro — ou, pelo menos, a visão que os babilônios tinham dele.
A Imago Mundi mostra a Babilônia no centro do mundo, cercada por um rio circular (possivelmente o oceano), com sete “ilhas” ao redor, simbolizando terras misteriosas ou míticas. O mapa reflete tanto conhecimento geográfico quanto crenças religiosas e cosmológicas da época. É, ao mesmo tempo, uma representação do espaço e da visão de mundo dos babilônios.
Função prática e simbólica
Esses primeiros mapas não eram usados como os mapas modernos, com escalas exatas e orientações precisas. Em vez disso, eram instrumentos simbólicos, representações mentais e culturais do território conhecido.
Na Mesopotâmia, por exemplo, mapas serviam para:Administrar propriedades e sistemas de irrigação;
Organizar a divisão de terras entre templos, reis e camponeses;
Expressar o lugar da cidade ou império no cosmos.
Ainda assim, esses mapas antigos revelam o início da cartografia como ciência e arte, mostrando que o desejo de representar e entender o espaço é tão antigo quanto a própria civilização.
Do mapa de Ga-Sur à Imago Mundi, passando pelos mapas egípcios, gregos e romanos, o ser humano continuou a aprimorar sua forma de representar o mundo. O desenvolvimento da cartografia passou por revoluções com figuras como Ptolomeu, Al-Idrisi, Mercator e, mais recentemente, com a cartografia digital moderna.
Porém, tudo começou com um traço simples em uma tabuleta de barro, há mais de 4 mil anos. O mapa mais antigo do mundo não apenas nos mostra como os antigos viam o espaço, mas também nos conecta com uma característica essencialmente humana: o desejo de explorar, entender e marcar seu lugar no mundo.
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