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‘Sem anistia’ e ‘fim da escala 6×1’ são defendidos por Bloco Sem Terra nas ladeiras de Olinda (PE)

Em um dos carnavais mais famosos do país, foliões demandam condenação de Bolsonaro e 33 denunciados por golpe de Estado


Do Brasil de Fato, 03 março 2025; Olinda (PE)
Por Gabriela Moncau


Bloco Sem Terra completa 25 anos e homenageia o educador Paulo Freire. Gabriela Moncau/Brasil de Fato

Nesta segunda-feira (3) de Carnaval, o Bloco Sem Terra, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Olinda (PE), completou 25 anos e percorreu as ladeiras da cidade alta sob o mote “Sem anistia: pela taxação dos super ricos e contra a escala 6×1”.

“É uma forma de nós colorirmos as ruas com a luta e a cultura do povo sem-terra”, sintetiza Paulo Mansan, da direção do MST de Pernambuco. “Trazemos temas conectados com as lutas da classe trabalhadora e do campo popular no Brasil. A centralidade é sem anistia para os golpistas”, explica Mansan, alertando sobre o perigo de que o tema seja apreciado pelo Congresso Nacional. “Nem pode entrar em pauta porque realmente tivemos essa tentativa de golpe e agora a direita está tentando passar panos quentes”, diz.

“Temos uma expectativa de ver Bolsonaro atrás das grades. Esse é o espírito do Bloco do MST nas ruas de Olinda“, afirma a deputada estadual Rosa Amorim (PT), que é também militante do movimento e porta-estandarte do bloco.

O Carnaval acontece menos de duas semanas depois que, em 18 de fevereiro, a Procuradoria Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas por planejamento de golpe de Estado. Em Olinda, uma das cidades mais famosas pela festa popular, gritos de ordem como “anistia é o ‘carai’” surgem em quase todos os blocos. A frase também aparece estampada em camisetas e fantasias.

“Estamos falando de Carnaval e a voz do povo é muito importante. É uma baliza que temos da grande pressão popular por essa pauta. Não são só os movimentos e os partidos: é um sentimento do povo de querer justiça pela tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. É um termômetro importante e o Carnaval também deve ser levado em consideração”, avalia Rosa Amorim.

Frevo e luta se combinaram durante o evento. Gabriela Moncau/Brasil de Fato

O Bloco Sem Terra se concentrou na praça do Baobá, mais conhecida como Fortim do Queijo, onde está a barraca do MST de forma fixa ao longo do Carnaval. Ali são vendidos lanches e almoços e é feita a coleta seletiva de lixo. Por volta das 15h, o cortejo começou. Ao som da orquestra de frevo, com um corpo de passistas protagonizado por crianças e grandes bonecos do educador Paulo Freire e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o bloco subiu as ladeiras da cidade.


Outra das bandeiras do bloco do MST é o fim da escala que prevê seis dias de trabalho para um de descanso. A reivindicação ganhou corpo no país por meio do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e, na última terça-feira (25), foi protocolada na Câmara dos Deputados como Proposta de Emenda à Constituição (PEC), pela deputada federal Erika Hilton (Psol).

“A escala 6×1 é extremamente desumana com os trabalhadores que fazem com que a economia do Brasil rode. E a taxação dos super ricos é imprescindível neste momento da história. Então é festa, mas é festa política, onde se refletem os processos que estamos passando”, resume o Paulo Mansan.


Defesa da Palestina livre foi um dos motes do bloco. Gabriela Moncau/Brasil de Fato

“E trazemos novamente, pelo terceiro ano consecutivo, a defesa incondicional de uma Palestina livre e soberana, sem a ocupação de sionistas. Que seja constituída como um Estado autônomo, que consiga ditar seus rumos”, defende o dirigente do MST.

Para Jaime Amorim, da direção nacional do movimento, “estamos vivendo tempos diferentes de outras épocas. Estamos vivendo guerras, vendo o mundo seguindo cada vez mais uma extrema direita reacionária, com profundos laços nazistas”, contextualiza. “Por isso, temos que reverenciar no Carnaval aquilo que nos liberta, aquilo que nos ajuda a libertar”, defende, com um adesivo de “Palestina livre” colado na camisa.

Edição: Martina Medina

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