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Autor de "Como as democracias morrem" diz que "ataques ao Judiciário são primeiro passo dos autocratas para ficar no poder"

Cientista político Steven Levitsky avalia que "para garantir a sobrevivência da democracia, deveria se formar uma ampla coalizão, do PT à centro-direita, por um único candidato – provavelmente Lula, que hoje lidera as pesquisas – já no primeiro turno das eleições de 2022"



Do Brasil 247, 7 de setembro de 2021


Steven Levitsky, STF, manifestação e Bolsonaro (Foto: Divulgação/DRCLAS/Harvard | Reprodução/Youtube | Fellipe Sampaio/STF | PR)

247 - O cientista político estadunidense Steven Levitsky, coautor do best seller “Como as Democracias Morrem”, disse que os atos bolsonaristas marcados para esta terça-feira (7) e que possuem o Judiciário como um dos alvos preferenciais” costumam ser o primeiro passo de autocratas para tentar ficar no poder”. “Autocratas usam a violência, às vezes até fictícia, como desculpa para tentar destruir pouco a pouco a democracia”, disse Levitsky à Coluna do Estadão, do jornal O Estado De São Paulo .

Para Levitsky, Bolsonaro “nunca foi comprometido com regras democráticas. Os brasileiros sabiam disso quando o elegeram. O que estamos vendo hoje é exatamente o que foi anunciado na campanha de 2018”. Ainda segundo ele,” os autocratas costumam usar a violência, às vezes real e às vezes fictícia, como desculpa para tentar destruir pouco a pouco a democracia”. “É importante tentar evitar ser provocado à violência. No momento, duvido que Bolsonaro tenha apoio público e credibilidade suficientes para se safar de uma aventura desse tipo, mas é muito importante estar vigilante”, completou.

O cientista político observa, ainda, que as instituições judiciais costumam ser alvos dos autocratas em função de suas atuações na fiscalização dos mandatos. “Os ataques ao Judiciário costumam ser o primeiro passo dos autocratas para tentar ficar no poder. Minha esperança é que, no caso brasileiro, Bolsonaro não tenha força para transformar palavras em ação”, disse.

“Para garantir a sobrevivência da democracia, deveria se formar uma ampla coalizão, do PT à centro-direita, por um único candidato – provavelmente Lula, que hoje lidera as pesquisas – já no primeiro turno das eleições de 2022. Para garantir que Bolsonaro sofra uma derrota massiva e não possa alegar fraude. Mas sei que é pedir muito. Para construir tal coalizão, Lula e o PT teriam que fazer concessões significativas, na economia e na Justiça, aos partidos de centro e centro-direita. Penso que eles deveriam ter feito isso em 2018 e não o fizeram – e vimos as consequências”, ressaltou.

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